#597-FilmeFobia

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A segunda noite da Mostra Competitiva 35 mm do 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro trouxe o controverso Filmefobia. A polêmica em torno da produção começa a partir do formato. Uma dúvida pairava no ar se era um documentário ou uma obra de ficção. Mas o diretor afirmou na apresentação que não era um documentário. Só que é algo realmente muito difícil de ser definido, visto que trabalham no longa-metragem atores e cidadãos normais que nunca estudaram artes cênicas, como eu e você. Desconsidere isso se você for ator.

As pessoas que participam são voluntários que decidem enfrentar as próprias fabias. Gente com medo de palhaço, agulhas, anões, fogos de artifício etc. Para misturar ainda mais a realidade com a ficção, a equipe que trabalha no filme usa os próprios nomes reais. Não dá para saber quem está atuando e quem está sendo a própria pessoa. O roteiro é tão verdadeiro que muitas vezes não parece ser um texto. E ao saber dessa confusão criada com certeza o diretor Kiko Goifman (de Handerson e as horas) deve estar dando gargalhadas de puro prazer.

E por falar em prazer, um ponto que merece ser comentado é a forma como as fobias são apresentadas: de um modo especialmente perverso, com bem define uma das “cobaias”. A garota que tem medo de ralos não é apenas obrigada a tomar uma ducha em um banheiro repleto de ralos no chão. Ela ainda está com um dos braços amarrados, não diferente da maioria das pessoas que são submetidas às situações amedrontadoras.

Cordas, fita silver tape e outras coisas para garantir a imobilização e impedir que a pessoa consiga evitar o terror que está bem na sua frente. A diabólicas máquinas e estruturas foram criadas pela artista plástica Cris Bierrenbach (que também tirou todas as fotos que ilustram este texto). São equipamentos que fazem até o Jigsaw (de Jogos mortais) ficar com inveja. Auxiliados pelo assistente-carrasco Ravel Cabral, os voluntários agonizam para que o cineasta Jean-Claude (Jean-Claude Bernardet) possa criar seu documentário.

É impossível não associar os momentos que aparecem na telona como variações de alguma cena sadomasoquista. A fotografia fetichista mostra o desespero dos fóbicos ao mesmo tempo que aparece os bastidores. É uma espécie de making off que ajuda o espectador a entender que é um filme e que nem tudo é real. Ou é? E as reações da platéia são as variadas. Enquanto tem gente que faz cara de repulsa, outras ficam sorrindo. Agora se o filme teve o papel de despertar esse tipo de sensação no sofrimento alheio é outra história. O que Jean-Claude quis provar é que “só existe uma imagem verdadeira: a do fóbico diante de sua fobia”. E essa é a principal premissa.
Filmefobia é estranho, polêmico, bizarro. Dividiu opiniões na exibição e recebeu aplausos e vaias ao mesmo tempo. Mas no geral pode-se dizer que se saiu bem, ainda mais porque os curtas não animaram tanto assim o público brasiliense.
Cotação do Daiblog: ⭐⭐⭐

Nº 27
Representando Pernambuco no Festival de Brasília, o curta Nº 27 mostra um dia na vida de um adolescente estudante que passa por um problema muito desagradável. A trama fala de bulismo (bullying) e o mal-estar provocado por essa forma de violência tão comum nas escolas de todo o mundo.

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Bullying e constrangimento

Boa atuação do protagonista Caio Almeida, que conseguiu transmitir bem a insegurança e vergonha de um garoto em uma situação complicada. Com longos planos e uma fotografia que sempre valoriza a expressão facial do ator, o filme não é muito fácil de ser assistido pelo tom intimista que carrega. O final abrupto também pode pegar os desprevinidos de surpresa.
Cotação do Daiblog: ⭐⭐⭐
Nº 27 (Brasil, 2008) Dirigido por: Marcelo Lordello Com: Caio Almeida, Diogo Vasconcelos, Felipe Tenório, Lucas Glasner, Wagner Lima, Marcela Gomes, Jorge Queiroz, Carol Araújo, Marília Mendes, Renata Roberta, Alexandre Sampaio e Ana Claúdia.Cidade vazia
O curta-metragem é de Brasília, mas foi rodado em Patos de Minas (MG). O tema principa também é adolescência. Uma garota aparentemente rebelde sai de casa sem falar com a mãe (interpretada por Adriana Lodi, de Entre cores e navalhas). Antes de ser explicado um dos motivos que podem tê-la levado a tomar tais atitudes, o filme mistura o tempo da narrativa.

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O filme deixa muitas respostas no ar e fica questionada a veradeira intenção do cineasta. Definitivamente não é um filme ruim, mas eu não consegui captar a mensagem. O destaque vai para a ótima coletânea de sucessos que toca na matinê dos jovens.
Cotação do Daiblog: ⭐⭐
O espaço do Daiblog de olho de hoje não terá fofocas ou quedas na escada, mas sim um ponto positivo e outro negativo em relação ao Festival de Brasília até o presente momento. E entre este pequeno texto algumas imagens de celebridades clicadas durante a noite.
O ponto positivo vai para o ar condicionado que realmente funcionou. Ninguém chega a sentir frio, mas não está aquele deserto que fez com que toda a platéia se sentisse dentro do filme Cleópatra. Agora está um clima agradável, o que é bom para a imprensa, para os convidados, para o juri e para todos os cinéfilos.
O ponto negativo vai para uma coisa que deveria ser considerada positiva. A maioria dos filmes receberam legendas em português para os deficientes auditivos. O recurso nobre funcionou com perfeição na primeira noite do festival, mas apresentou problemas de sincronização no segundo dia. Para piorar a situação, vergonhosos erros de português apareceram na tela como “agente” no lugar de “a gente”.
E para encerrar, mais uma foto da atriz Maria Flor, que acompanha diariamente o Festival de Brasília por ser uma das juradas.

Hoje, às 20h30 e com reprise às 23h30 será a terceira noite da mostra competitiva em 35mm, quando serão exibidos os curtas Brasília (Título Provisório), de J. Procópio e A arquitetura do corpo, de Marcos Pimentel. O longa será Siri-Ará, de Rosemberg Cariry.

Só para lembrar: o Cine Brasília fica na 106/107 Sul. Os ingressos custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia), à venda na bilheteria do local. Telefone: 61 3244 1660.

Visite o Daiblog para mais informações sobre o 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro!

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