#831-O violino vermelho

Um teórico da comunicação desenvolveu uma tese de que a obra de arte perdeu o seu valor na modernidade. Antigamente a arte tinha uma espécie de “aura” em torno dela,  um valor de admiração. As pessoas iam atrás da obra para cultuá-la. Hoje em dia isso não acontece porque a obra de arte foi reduzida ao seu valor de mercado. Quando compramos um quadro, não interessa quem é o autor ou o que aquela obra significa. O que importa é quanto ele vale. O violino vermelho exemplifica essa teoria.

A coprodução entre países, conta a história de um violino, o que da origem ao título. Acompanhamos desde sua fabricação na Itália renascentista até seu leilão nos dias de hoje. Seguimos a história do ponto de vista de um restaurador (Samuel L. Jackson, de Homem de ferro 2, 1408, A farsa dos pinguins) que foi contratado pela casa de leilões para avaliar o valor dos instrumentos que poderão ser arrematados. Conforme a investigação vai acontecendo, são intercaladas várias passagens pela história. Vemos o violino passando pela Inglaterra vitoriana, pelaa China comunista e vários momentos históricos.
O violino vermelho
Um dos pontos mais interessantes do filme é que o personagem principal é o violino em si. Algumas cenas são filmadas em ponto de vista do objeto como se o instrumento estivesse vendo o acontecimento – uma grande sacada do diretor, o canadense François Girard. Por falar nisso, a direção é delicada, sem muitos maneirismos e exercícios de estilo não justificados, coisa que vemos muito no cinema atual.
O violino vermelho
Samuel L. Jackson parece um pouco deslocado, mas não atrapalha. Faz até um bom trabalho. É bom ver o ator afastado de filmes de ação. A trilha sonora é belíssima e obviamente o tema é tocado por um solo lindo de violino. Tecnicamente o longa é praticamente perfeito: visual, atuações, trilha sonora e direção. O único ponto negativo é a duração. São mais de duas horas e, após algum tempo, vem a vontade de dar aquela olhada no relógio para ver se ainda falta muito. Talvez fosse necessário cortar um pouco da gordura do filme e aumentar o ritmo. Mas quando os créditos sobem, o saldo é positivo.
O violino vermelho
O violino vermelho não é um filme para qualquer um. Tenho certeza que minha irmã adolescente não o apreciaria da mesma forma que um cinéfilo como eu. Recomendo pela sua beleza estética e para avaliarmos o papel da arte hoje em dia, afinal quando um dos principais pontos do marketing de filmes como Avatar é que ele custou 400 milhões de dólares, alguma coisa está errada.
Cotação do Daiblog: DaiblogDaiblogDaiblogDaiblog

Veja aqui o trailer do filme O violino vermelho:

Le violon rouge (Canadá / Itália / Reino Unido, 1998) Dirigido por François Girard. Com Carlo Cecchi, Irene Grazioli, Anita Laurenzi, Johannes Silberschneider, Rainer Egger, Samuel L. Jackson, Colm Feore, Julian Richings, Russell Yuen…

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1 COMENTÁRIO

  1. Um dos melhores filmes que já vi. Discordo do "excesso de gordura", assisto a esse filme sempre que posso, e o que acho mais incrível é que sempre há algum detalhe que se apresenta como novo, mesmo depois de ter assistido ao filme várias vezes.
    Com certeza não é um filme pra qualquer um, mas definitivamente foge daquela idéia de filme "cult" que é extremamente chato, ninguém entende e todos aplaudem. Ótimo review de um ótimo filme

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