#963-Capitão América – O Primeiro Vingador

Por Anna Beatriz Lisbôaannalisboav@gmail.com do Clica em Cinema

Confesso que não esperava muita coisa de Capitão América: O Primeiro Vingador, que chega aos cinemas nesta sexta-feira. Mesmo com os bons presságios do ótimo X-Men: Primeira Classe, vale lembrar que filmes inspirados em quadrinhos têm sido fonte constante de frustração. Além disso, o próprio Chris Evans, que encarna o herói da Marvel, protagonizou os lamentáveis Quarteto Fantástico e Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado.

Para completar, há toda a ideologia que envolve Capitão América, um super-herói nascido durante a Segunda Guerra Mundial, época de nacionalismos inflamados. Sob a ótica atual, o patriótico herói aparece como uma espécie de Tio Sam musculoso kitsch, uma anacrônica máquina de matar nazistas, carregado com a intolerância e os preconceitos que tempos de guerra pressupõem. Grosso modo, Capitão América é como futebol americano: nascido das idiossincrasias da cultura ianque, não tem a menor vocação para universalidade.
No entanto, ao contar a origem deste primeiro Vingador, Joe Johnston (O Lobisomem) consegue o que parecia impossível: transformar o ultranacionalista Capitão América em um personagem com quem o espectador possa ter o mínimo de identificação.
Em Capitão América, Evans deixa seus dias de playboy flamejante para trás e vive o franzino Steve Rogers, um rapaz que, apesar de seu físico pouco favorável, tem uma coragem desproporcional ao seu tamanho. Seu sonho é alistar-se no exército para combater a ameaça nazista, porém vive sendo rejeitado por conta de sua fragilidade. A obstinação do rapazinho impressiona Dr. Erskine (Stanley Tucci interpretando o cientista alemão de maneira caricatural), que o admite nas Forças Armadas.
Porém os objetivos do cientista são mais obscuros. Erskine vê em Rogers a chance de construir um soldado superlativo em todos os aspectos – forte, ágil e valoroso – e o usa como cobaia em suas experiências. É aqui que encontramos o ponto em comum entre nazistas e americanos. Não são apenas os comparsas de Hitler que conduziam experimentos nefastos com seres humanos objetivando a perfeição a todo custo. Aliás, o tipo físico nórdico de Capitão América – alto, loiro e musculoso – satisfaz perfeitamente os padrões nazistas. Sabiamente, o filme não enfatiza, nem tenta encobrir esta ambiguidade. De um lado, temos Capitão América defendendo a liberdade e a democracia, do outro o megalomaníaco Caveira Vermelha (Hugo Weaving) representando toda a insanidade nazista. Ambos são cobaias de experiências científicas. Neste contexto maniqueísta, extremamente simplificado, a única diferença entre os dois é a representação do bem e do mal.
O irônico é que, mesmo depois de sua milagrosa transformação, Rogers ainda precisa provar o seu valor, o que aproxima o personagem do espectador. A força física e beleza devastadora de Rogers se contrapõem à sua ingenuidade e humildade.
O herói percorre um longo caminho até chegar às trincheiras e realizar seu sonho. A princípio, os poderosos decidem que ele servirá melhor como garoto-propaganda do que como soldado. Transformando Capitão América em “corista” para ajudar a arrecadar dinheiro para o esforço de guerra, o filme ressalta a maneira com que tudo se converte em espetáculo na cultura americana, referenciando o próprio fenômeno dos quadrinhos do Capitão América nos anos 40. Aliás, a direção de arte cuidadosa e a trilha sonora dão um charme a mais ao longa. É uma pena que o 3D improvisado, além de não acrescentar coisa alguma à experiência, ainda comprometa a fotografia do filme.

Cotação do Daiblog: DaiblogDaiblogDaiblog

Veja aqui o trailer do filme Capitão América:

Captain America: The First Avenger (EUA, 2011) Dirigido por Joe Johnston. Com Chris Evans, Hugo Weaving, Hayley Atwell, Sebastian Stan, Tommy Lee Jones, Hugo Weaving, Dominic Cooper, Richard Armitage, Stanley Tucci…

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1 COMENTÁRIO

  1. Que filme massa!! Legal ver um filme de herói ambientado na segunda guerra mundial, ver como surgiu o personagem, era um Hobbit… hehehehe… depois virou um super soldado e que ganhou respeito pelos seus feitos. Aplausos pra todas as questões técnicas do filme e entretém muito bem, show de bola!

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