#1025-O Espião Que Sabia Demais

*Por Raíssa Saraiva – raissasaraiva@daiblog.com.br 

Na década de 70, a grande parte dos governos mundiais tinha uma posição em relação à
Guerra Fria: ou apoiavam os Estados Unidos ou a União Soviética. Alguns deles, porém,
encaravam o confronto psicológico de forma mais séria, e montavam verdadeiros esquadrões para prever os passos do grupo adversário. É neste ambiente histórico que está situado O Espião que Sabia Demais, romance de John Le Carré adaptado para o cinema pelas mãos do diretor sueco Tomas Alfredson (Deixe Ela Entrar), em seu primeiro trabalho em inglês. 


George Smiley (Gary Oldman – A Garota da Capa Vermelha, Batman – O Cavaleiro das Trevas) é um agente aposentado do serviço secreto inglês após um desastroso acontecimento na Hungria. Ele é convocado a voltar à ativa pelo alto escalão para investigar a presença de um possível traidor dentro do Circus, braço da inteligência nacional que acompanha de perto as atividades soviéticas. Para descobrir o infiltrado, Smiley reconstrói a linha de pensamento do antigo chefe do departamento, conhecido simplesmente por Control (John Hurt – Imortais, Melancolia), que acreditava que o agente duplo era um dos cinco líderes do Circus – entre os
quais o próprio Smiley.

Interpretados por Colin Firth (vencedor do Oscar de melhor ator por O Discurso do Rei), Ciarán Hinds (O Ritual, Munique), David Dencik (Cavalo de Guerra) e Toby Jones (Capitão América – O Primeiro Vingador), os suspeitos possuem comportamentos dúbios, o que leva a investigação por pistas dispersas como um quebra-cabeça. Aos poucos, Smiley consegue confirmar a presença do traidor entre o grupo e o coloca como peça chave dentro da organização soviética equivalente ao Circus, chefiada pelo misterioso Karla.

A interpretação do grupo de protagonistas é um dos pontos fortes do filme. Firth convence numa personalidade fora do padrão de mocinho pelo qual é mais conhecido. Toby Jones, como Alleline, provoca suspeitas em virtude de sua rigidez e atitudes misteriosas. Benedict Cumberbatch (A Informante, A Outra) também fica em evidência como Peter Guillan, braço direito de Smiley que acaba caindo em umas das armadilhas para desacreditar a busca pelo traidor.

Chama atenção a forma que as relações pessoais e a vida íntima dos personagens influenciam diretamente no rumo dos acontecimentos. Paixões, relacionamentos extraconjugais e profundas amizades são pistas diretas do rumo da história, provando que os agentes da Guerra Fria não eram máquinas de combate, mas meros humanos, e agiam como tal.

A trama alterna grandes períodos de silêncio absoluto com uma forte trilha sonora
característica de filmes de espionagem. Juntamente com o grande número de personagens e excesso de informações que são despejadas na tela, a história fica lenta, e talvez até confusa, fazendo com que uma mínima distração do espectador seja suficiente para prejudicar a linha de raciocínio. A fotografia é cuidadosa e não há dúvidas de que a ideia e a história são bem amarradas, mas é preciso se concentrar para entender, e, às vezes, a velocidade da narrativa torna a tarefa bastante difícil.

Cotação do Daiblog:
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Veja aqui o trailer do filme O Espião Que Sabia Demais:

 

Tinker Tailor Soldier Spy (França/Alemanha/Reino Unido, 2011). Dirigido por: Tomas Alfredson. Com Gary Oldman, Colin Firth, Tom Hardy, John Hurt, Mark Strong, Ciarán Hinds, Stephen Graham, Roger Lloyd-Pack, David Dencik, Kathy Burke, Toby Jones, Benedict Cumberbatch…

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