Por Ray de Aguiar
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A história é sobre Elsa, uma princesa de um reino distante. Ela misteriosamente possui um poder de criar e controlar gelo e neve. Quando criança, enquanto brincava com Anna, sua irmã mais nova, ela acidentalmente atinge a caçula com seu poder. Embora Anna tenha sido curada, Elsa passa a se isolar com medo de machucar mais alguém. O tempo passa, as irmãs crescem e chega o momento de Elsa se tornar rainha. As coisas não saem como o esperado durante sua coroação e seu poder fica descontrolado, ocasionando um inverno eterno no reino em pleno verão. Assustada por não conseguir controlar seu dom, Elsa foge para as montanhas, onde pode viver sem receio de causar dano a ninguém. Mas Anna sabe que a irmã não agiu por mal, que está apenas insegura e parte em busca de Elsa para consertar o desequilíbrio climático e, também, sua relação com a irmã, que se manteve distante desde o incidente na infância.
O filme é baseado no livro A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen, o mesmo que escreveu A Pequena Sereia, que também foi adaptado pela Disney na animação de 1989. Embora mantenha pouca coisa do livro, Frozen se mostra diferente de muitos filmes da Disney, com um foco mais na relação familiar, em vez da relação da princesa com seu “príncipe encantado”. Outro fator que vale destacar é o “plot twist” na terceira parte do filme, na qual a história dá uma virada surpreendente. Surpresas muito bem-vindas e compatíveis com a modernidade dos tempos em que vivemos, onde as crianças estão precocemente muito mais espertas em relação à vida, em vez de enxergar tudo em preto e branco.
Anna é ingênua, impulsiva, determinada, corajosa, de bom coração, imprudente. Defeitos se misturam com qualidades, como nos melhores arquétipos de heróis das histórias de mitologia. E durante sua jornada, ela aprenderá com erros e acertos como lidar com desapontamentos, superações e a recriar um laço familiar perdido. Quem sabe a razão para não contar sobre o poder de Elsa, seja porque os produtores esperam fazer isso numa possível continuação. Dependendo do sucesso do filme, eu não duvidaria. E mesmo que não aconteça, algumas coisas são melhores deixadas para a imaginação de cada um.
Lembrando que todos os tipos de magias de todas as histórias do mundo são reflexos de sentimentos da alma humana, representados como metáforas para nos fazer pensar e identificar estes mesmos sentimentos em situações de nossas próprias vidas. Filme de criança? É sim! E quem disse que isso é algo ruim? Frozen é ótimo, mantém vivo o legado das Princesas da Disney e ainda teve a divertida canção-tema Let It Go indicada ao Oscar. Walt estaria orgulhoso.
Frozen (EUA, 2013) Direção: Jennifer Lee, Chris Buck. Com: Kristen Bell, Idina Menzel, Jonathan Groff, Josh Gad, Santino Fontana, Alan Tudyk.