Crítica do filme Diário de Uma Camareira

Léa Seydoux (do vencedor da Palma de Ouro de 2013 Azul é a Cor Mais Quente) é uma atriz francesa integrante da nova safra de estrelas prestes a estourar no circuito mundial. Seu novo filme, Diário de Uma Camareira, estreia dia 3 de setembro. Contando diversos episódios da vida de Célestine, uma jovem camareira francesa do século 19, a produção é dirigida e roteirizada por Benoît Jacquot (3 Corações), que já trabalhou com Léa em Adeus, Minha Rainha.

Apesar de baseado em um romance (escrito por Octave Mirbeau), Diário de Uma Camareira parece mais uma antologia de contos com a mesma protagonista que, por sua vez, narram de forma não-linear suas experiências com diferentes patrões. Mesmo sendo um diário, o filme acerta em não apresentar narração em off, uma ferramenta raramente interessante quando não se trata da voz de Morgan Freeman. Como em um “diário oral”, Célestine fala durante a cena mesmo, sem ser ouvida pelos personagens, o que pensa deles.

A reconstituição de época é cuidadosa e muitos momentos impressionam pelas magníficas vestimentas e móveis ornamentados. Entretanto, o aspecto técnico que mais chama a atenção é a criativa fotografia. Usando e abusando do zoom, talvez por influência de diretores como Quentin Tarantino, chega a lembrar trechos de Cabo do Medo de Scorsese, que utiliza o zoom em praticamente todas as cenas.

É importante lembrar que um dos assuntos abordados no romance original é a discriminação contra judeus. O filme mantém essa temática, pois a história principal se passa na época do histórico caso Dreyfus, narrado no célebre texto de Émile Zola J’accuse. No entanto, o tema principal de O Diário é mesmo a hipocrisia da “boa sociedade”, supostamente superior moralmente à criadagem, mas que é, na verdade, controlada por suas perversões sexuais. Além disso, como o ótimo Um Estranho no Lago, também francês, o filme tem muito a dizer sobre as loucuras que a atração física por alguém pode nos levar a cometer.

Por Jonah Tash – jonahtash@cine61.com.br – Twitter: @jonahtashcinema

Journal d’une Femme de Chambre (França / Bélgica, 2015) Dirigido por Benoît Jacquot. Com Léa Seydoux, Vincent Lindon, Clotilde Mollet, Hervé Pierre, Mélodie Valemberg, Patrick d’Assumçao…

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Léa Seydoux (do vencedor da Palma de Ouro de 2013 Azul é a Cor Mais Quente) é uma atriz francesa integrante da nova safra de estrelas prestes a estourar no circuito mundial. Seu novo filme, Diário de Uma Camareira, estreia dia 3 de setembro....Crítica do filme Diário de Uma Camareira