Crítica: A Hora do Pesadelo, o melhor da série

* Por Jonathas Soares – jonathassoares@daiblog.com.br

Quentin Tarantino comentou em uma franca entrevista que a direção de Wes Craven foi o pior elemento do filme Pânico. Mesmo se você ache que esse aspecto tenha deixado a desejar naquele filme, é difícil não reconhecer os méritos de Wes na primeira parte de outra célebre franquia: A Hora do Pesadelo.

Além de dirigir, ele também roteiriza o longa, sendo o principal idealizador de sua mitologia inovadora. Assistindo ao filme em 2015, várias decisões de Wes parecem praticamente perfeitas porque funcionam bem até hoje. O número de continuações que o filme gerou é uma das provas de sua competência.

A estreia de Johnny Depp no mundo do cinema mostra como foi sortudo desde o início, já que este é certamente o melhor capítulo da série. Compare a sua estreia, por exemplo, com a de Jennifer Aniston, cujo primeiro longa lançado nos cinemas foi o terrível O Duende (1993). Diferente de O Exterminador do Futuro, Guerra nas Estrelas e Batman Begins, que conseguiram melhorar o original, a crítica é unânime em afirmar que nunca houve um filme melhor do que o primeiro na franquia A Hora do Pesadelo.

O terror começa quando um grupo de jovens descobre que todos sonham com mesma pessoa: um homem coberto por cicatrizes de queimaduras que os ameaça com uma luva com lâminas. Um conceito de personagem que parece único e assustador, desde o início. Não só por sua aparência, mas também pelo modo como age nos pesadelos, como em uma memorável cena de auto-flagelação. Como derrotar um vilão que decepa os próprios dedos sem sofrer quaisquer consequências?

Os adolescentes parecem ser amigos de infância; se conhecem há muito tempo e, além de estudarem juntos, moram na mesma rua.

Eventualmente, descobrimos que o homem se chama Freddy Krueger, um pedófilo assassino que matou 20 crianças na rua, sendo depois assassinado pelos próprios pais dos protagonistas. Começamos, então, a entender as motivações do nosso vilão: matar todas as crianças que restam (que agora são adolescentes) e, talvez assim, também se vingar de seus assassinos.

Ao fazer uma análise mais profunda da obra, podemos nos perguntar: por que Freddy não os mata logo no primeiro sonho, antes que possam contar uns aos outros o que ocorre? Isso pode ser respondido por algo que aprendemos no final do primeiro filme: quanto mais medo as pessoas têm dele, mais forte Freddy se torna.

O primeiro filme também possui cenas marcantes. São tão boas que não decepcionariam se comparadas às melhores partes de filmes lançados em 2015. Uma destas é a morte de Tina, a primeira do quarteto a perder a vida, sendo arrastada pelo teto como se a gravidade não existisse, enquanto recebe golpes brutais das lâminas de Freddy. Como esquecer também a parte em que Johnny Depp é sugado por sua própria cama, que depois o “cospe”, como se houvesse passado por um macabro moedor de carne?

Além desses efeitos especiais impressionantes, para assustar a platéia, o filme faz uso de uma técnica utilizada por diretores como Alfred Hitchcock, em Os Pássaros: criar associações plavlovianas de terror com elementos anteriormente considerados inocentes. Ele utilizou esse conceito quando fez com que pássaros nos parecessem assustadores. Em A Hora do Pesadelo, são crianças pulando corda enquanto entoam uma cantiga que nos provocam aflição. Além disso, no pesadelo de Tina, vemos até uma cabra(!) na fábrica abandonada onde Fred fez a sua garra. Algo inocente como assistir alguém quase pegando no sono vira fonte de terror e ansiedade! O nervosismo se completa com o uso de extreme close-ups, dando aos espectadores uma sensação de claustrofobia inescapável.

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