Crítica: Filmado com Iphone, Charlote SP fala sobre reencontros

*Por Clara Camarano – redacao@daiblog.com.br

Como já dizia Glauber Rocha, cinema se faz com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Pois bem. O cineasta Frank Mora com certeza banhou-se desta mesma ideia, mas ousou um pouco mais. O diretor lança o primeiro longa-metragem brasileiro gravado em câmera de celular. Charlote SP estreia nas salas de cinema tupiniquins com uma proposta de produção audiovisual: fazer filmes com baixo custo como, neste caso, R$ 80 mil.

Mesmo com o valor abaixo mediante o recurso, câmeras tremidas, som não ideal, pelo menos aos ouvidos dos espectadores de cinema, Frank consegue passar o que queria no filme e sem grandes estranhamentos estéticos. Na cerne do enredo está Charlote, uma modelo internacional que decide voltar ao Brasil após uma longa temporada em Londres. O cenário principal é a capital paulista. Cidade, aliás, retratada com grande foco no filme. A caótica, mas, ao mesmo tempo,  atrativa Sampa representa o cenário essencial para o desenrolar do filme.

Filha de um rico empresário paulistano (Fernão Lacerda), a protagonista interpretada por Fernanda Coutinho busca um propósito para sua vida após voltar do exterior. Perdida na grande São Paulo, Charlote tem que lidar com a ausência de seu pai, um típico mauricinho fútil , com a solidão na grande metrópole e com a difícil missão de se reencontrar. É aí que ela vai procurar um velho amigo para se apoiar. O cineasta Marcelo Scorsésar, interpretado por Guilherme Leal, está justamente na produção de um filme que fala sobre as mudanças que devemos deparar e encarar mediante a vida.

Em uma relação que induz o espectador a confundir o amor fraternal com o carnal, ambos formam uma dupla que quer redescobrir a vida, suas nuances, suas novas fases. A trama parece até atrativa e a filmagem com o celular não incomoda e nem tira a atenção. Mas, a interpretação do elenco em uma linha mais dura do que natural peca. Assim como a condução lenta da história, que se repete e que acaba perdendo a dinâmica e embasamento que poderiam ser explorados. O foco vira um só e mostra uma fragilidade de roteiro.
Mesmo assim, vale a ousadia do diretor e a bela trilha de Kiko Zambianchi.
Cotação do Daiblog:DaiblogDaiblog

Veja aqui o trailer do filme Charlote SP:

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