Crítica: Rifle tem clima de faroeste no sul do Brasil

*Por Michel Toronaga – micheltoronaga@daiblog.com.br

O primeiro longa-metragem da mostra competitiva do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi Rifle. Filmada em regiões do sul do Rio Grande do Sul, a produção traz um visual frio, com belas paisagens rurais. Ponto positivo, pois apresenta uma localidade que não é comumente explorada pelo cinema, um lugar do Brasil que fica perto da fronteira com o Uruguai.

Fotos: Rodrigo Migliorin

Mas ao contrário do que se pode imaginar, a calmaria das imagens do campo traz uma tensão crescente. Algo que o diretor Davi Pretto já entrega em alguns momentos bem gráficos, como carcaças sangrentas de animais. O principal embate do roteiro é o interesse de grandes fazendeiros em pequenas propriedades privadas. Na trama, Dione mora e trabalha numa pequena fazenda que chama a atenção de um poderoso homem, que está disposto a comprar a propriedade.

A ameaça da ficção se inspira em estatísticas reais. No Brasil, segundo dados do INCRA, aproximadamente mais de 50% das terras pertencem a 1% dos proprietários rurais, enquanto mais de 90% dos proprietários dividem menos de 28% das terras do país. E o protagonista é contra esta desigualdade. Não acha uma boa ideia receber uma quantia de dinheiro e se mudar para a cidade grande, lugar onde só tem “gente egoísta”, como ele mesmo define.

A solução – radical – para por fim ao conflito surge com a arma. O rifle do título é importantíssimo para a história e o seu som, assim como o silêncio que precede os disparos, assusta e cria um suspense agoniante. Com uma mira treinada e uma revolta cuja origem é explicada nos momentos finais da projeção, Dione acaba como uma espécie de Michael Douglas em Um Dia de Fúria versão sulista. O filme traz elementos de faroeste e o elenco formado por não atores cria um realismo ainda mais forte, ainda que, em alguns momentos, seja difícil compreender o que os personagens dizem – por causa do forte sotaque gaúcho.
Cotação do Daiblog:  DaiblogDaiblogDaiblog

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