Instrumento musical protagoniza O Piano que Conversa

O gênero documentário tem suas peculiaridades e seu público, assim como qualquer outro. O fato é que, com as pegadas investigativas realistas, quem gosta e, até quem não, pode se encantar e descobrir pérolas a partir de um documentário. Consagrado pelas inúmeras entrevistas tête-à-tête, agora uma nova experiência documental vai quebrar esta regra e tomar conta das telonas dos cinemas da capital. Após inovar com inúmeras produções vídeo-experimentais desde a década de 80, o diretor paulista Marcelo Machado chega com uma nova obra documental ainda mais revolucionária: O Piano que Conversa.

Seu novo longa-metragem apresenta um piano como protagonista. Sim, um piano de cauda que pulsa, canta e emite sons que não necessitam de fala, de entrevistas e de narração de fundo explicativa. Afinal, aqui as imagens que chegam a adentrar no instrumento musical. Mostra dos dós maiores aos lás menores, do próprio abandono do objeto que, já na cena inicial, é embalado e levado embora por um caminhão. Estas e dentre tantas outras nuances consagram esta produção tão inusitada quanto sensível.
Não é de se estranhar a inovação. Marcelo Machado é conhecido por filmes experimentais como Tropicália (2012), O Apito do Trem (2009), Oscar Niemeyer, O Arquiteto da Invenção (2007), dentre tantos outros.  E ele não perde o fôlego. O Piano que Conversa consegue mesclar em um enredo simples, porém rico, a vida de um piano com o famoso pianista paulistano Benjamim Taubkin. Nem todos conhecem Benjamim e nem todos vão curtir o gênero que não embarca no senso comum documental. Mas a nuance estética que engloba belas fotografias e uma música que inspira não apenas os ouvidos, mas a alma, é de comover.

Aqui, além das teclas e dedilhados, temos uma trilha que de coadjuvante toma o protagonismo central. Composições, arranjos, interpretações, a vida e as relações musicais mundo afora de Benjamim Taubkin são expostas, em todos os sentidos. A mistura de seu som é mostrada na essência e nas relações experimentais somáticas com dezenas de músicos do Brasil, de Israel, da Polônia, da África, da Bolívia, da Coreia do Sul. O resultado é uma variação criativa que mistura o choro, o jazz e o samba. O filme peca no excesso de duração. Mesmo com 1h17, torna-se cansativo, apesar de belo. Talvez, se fosse retratado em 40 minutos, a experiência musical cinematográfica seria aceita com mais sutileza.



*Por Clara Camarano – contato@cine61.com.br

Veja aqui o trailer do filme O Piano que Conversa:

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