Superficial, Por Trás da Linha de Escudos aborda polícia

Os ânimos estão à flor da pele.  A época no Brasil é de chumbo, de crise política e de uma polaridade extremista entre direita e esquerda, “coxinhas x petralhas”. Em meio às manifestações partidárias e apartidárias, os batalhões da polícia entram e ganham cada vez mais destaque nos noticiários. Agora, é nas lentes das câmeras que o Batalhão de Choque (força máxima) da Polícia Militar de Pernambuco será mostrado, mas sob um outro ângulo. Após passar pelo 8º CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira (BA), o documentário Por Trás da Linha de Escudos estreou na 50ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com um relato que pretende mostrar os dois lados da moeda (policiais e manifestantes) e fugir da ideia de filme-denúncia.
 
O longa-metragem com pouco mais de 1h30 de duração tem direção do pernambucano Marcelo Pedroso, figura já reconhecida e prestigiada na capital. Na edição do festival de 2014, ele conquistou cinco prêmios – incluindo melhor direção e roteiro – com sua ficção Brasil S/A. Desta vez filmando a realidade, o cineasta adentra nos bastidores do batalhão de choque (acionado apenas em situações extremas) para mostrar o que há por trás dos escudos intimidadores.
No filme documental, o diretor assume à frente da câmera para entrevistar membros do batalhão e manifestantes. As entrevistas, no entanto, seguem uma linha fria, sem aprofundamento, já que os contratados do Estado revelam discrição e separam a vida íntima da profissional. São poucas as opiniões que saem do “Estamos servindo a lei e não podemos questionar”. Tomadas das manifestações no estado de Pernambuco, no entanto, são pontos fortes que tiram um pouco a produção do superficialismo. Este é o caso da cena do disparo de um spray de pimenta lançado contra um manifestante pacífico durante a operação feita para aniquilar o movimento Ocupe Estelita (2014), em Recife.
A partir deste momento, o longa consegue sair da frieza ao retratar a dor dos que ali estavam. Destaque também para a experiência do Bope e da própria equipe de filmagem de ter a visão e a respiração afetadas por tal substância. A sensação de asfixia contamina. Mesmo assim, Por Trás da Linha de Escudos fica na esfera de um documentário pouco impactante, pouco humano, afinal, outros tipos de tortura usados pelos policias (como bombas) não são mostrados, assim como a intimidade destes. Afinal, o que, de fato,  pensam tais policiais? Como eles reagem em sua casa, com sua mulher, mediante tanta violência?


*Por Clara Camarano – 
contato@cine61.com.br

Por Trás da Linha de Escudos (Brasil, 2017) Dirigido por Marcelo Pedroso.

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