Novo manual traz teoria inédita para os roteiros

Como se formam os estados emocionais, como medo, ódio, amor? O que gera a cólera? O que acontece aos sentidos de um sujeito quando é dominado pelo ciúme? Como um desejo de vingança nasce de uma frustação? E como o que um dia foi amor, no outro é ódio e rancor? O que realmente “sente” um personagem numa narrativa? Usando um modelo de transição de um estado a outro, Hermes Leal revela, aqui, a origem e a profundidade destas emoções: quando um sujeito, por exemplo, se transforma de um estado de calma para um colérico, ou de um estado de satisfação para um de frustração, em razão do seu estado patêmico de alma.
O livro As Paixões na Narrativa – A Construção do Roteiro de Cinema, de Hermes Leal, é, portanto, uma teoria do roteiro ainda não aplicada, uma novidade, um novo olhar para a linguagem de cinema, a partir de uma semiótica que vem mudando os rumos do pensamento contemporâneo mundo afora. Leal evoluiu a teoria da narrativa da atualidade, proposta, principalmente, pelos autores Robert McKee e Syd Field, que teorizam a “ação”, e trouxe uma nova teoria baseada na “paixão”.
Trata-se de uma nova teoria para o “roteiro” e para o “personagem”, nunca pensada ou mostrada antes. O livro, que vai preencher um anseio dos realizadores, que sentem falta de um estudo que explique as grandes falhas do nosso cinema e como corrigi-las, está fundamentado em 28 anos de pesquisa, tendo suas teorias apresentadas com louvor em mestrado e doutorado, nas áreas de Cinema, Linguística e Semiótica na USP.
E por que se trata de um livro paradigmático? Partindo da Semiótica das Paixões, o pesquisador Hermes Leal dá evolução ao pensamento do linguista A. J. Greimas, se aprofundando no “sentir” dos personagens, o que traz luz ao complexo processo de desenvolvimento de um roteiro cinematográfico, que tem sua eficiência, justamente, quando talhado nos estados patêmicos da alma dos seus personagens e não somente no nível de suas ações.
Central do Brasil
Daí, o resultado teórico, que antes se baseava em ações dos personagens, se afirma na alma dos personagens. Leal buscou, no “sujeito” e no “ser” de Freud e Heidegger, o conceito primordial para abordar a narrativa a partir da passionalidade do personagem, provando ser este primórdio a base teórica para a potencialização da narrativa, o que no roteiro cinematográfico se conclui em um filme que alcance seus objetivos narrativos e emocionais, capaz de gerar uma sensibilização do espectador.
Gravidade
Comprova-se isto em exemplos que Leal detalha em filmes de sucesso, como Central do Brasil, de Walter Salles, e Gravidade, de Alfonso Cuarón, onde a passionalidade dos personagens percorre um fluxo narrativo, que, aqui, Leal dá ordem e esmiúça, a fim de nos tornar possível um modelo teórico, pronto para ser aplicado em qualquer obra fílmica. A nova teoria de Leal dá lugar ao aprofundamento no sentimento e sofrimento dos personagens, na narrativa, e resolve a questão da superficialidade nos roteiros cinematográficos, calcados em ações e peripécias. Dá-se lugar ao “sentir” do personagem e não mais somente no seu “agir”.
Título: As Paixões na Narrativa – A Construção do Roteiro de Cinema
Autor: Hermes Leal
Editora: Perspectiva
Páginas: 133
Preço: R$ 38,00

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