Índio transita entre dois mundos no filme Ex-Pajé

O documentário Ex-Pajé, dirigido por Luiz Bolognesi, foi o escolhido para abrir a 20ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). O filme realmente reflete sobre as questões postas pelo diretor antes da exibição. Ex-Pajé apresenta uma aldeia “tecnológica”, com celulares, câmeras fotográficas, máquina de lavar e uma série de ferramentas “modernas”. Mas o interessante é que, mesmo que as crianças indígenas prestem mais atenção no celular do que na sabedoria dos mais velhos, essa tecnologia não afastou o povo da etnia Paiter Surui da consciência e do respeito com a natureza.
Na trama, o ex-pajé Perpera Suruí passa a questionar sua fé após o contato com os brancos que julgam a religião dele como demoníaca. Perpera transita entre os dois mundos: o do seu povo e o dos brancos, como o seu dia a dia com o grupo que vive e as idas ao banco ou ao supermercado. Mas esse viver entre os dois lados entra em xeque quando a morte está ameaçando a aldeia de Perpera.
Mesmo com as poucas falas de Perpera durante o filme, o diretor conseguiu construir muito bem o ir e vir do ex-pajé entre esses mundos distintos. Conseguiu demonstrar sutilmente para qual lado o indígena balança mais. O detalhe e o barulho das moscas são muito simbólicos. O cineasta também ressalta o avanço do desmatamento, como o corte ilegal de árvores por madeireiros em terras indígenas e como a tecnologia pode ser útil ao denunciar essas ilegalidades. Acompanhe a cobertura completa do Fica 2018 no Cine61 – Cinema Fora do Comum!

Veja o trailer de Ex-Pajé a seguir:



*Por Vinícius Remer da Silva – Especial para o Cine61 – contato@cine61.com.br

O jornalista viajou a convite da produção do FICA

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